Ansioliticos são usados quantos dias antes do operatorio

Para os pacientes que serão submetidos aos procedimentos de cirurgia plástica, não há nenhuma evidência consistente de que tomar antidepressivos aumenta o risco de hemorragia, câncer da mama ou outros resultados adversos, conclui uma revisão de pesquisa, publicada na edição de novembro do Plastic and Reconstructive Surgery®, jornal médico oficial da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).

“Parar de tomar os antidepressivos antes da cirurgia plástica cosmética ou reconstrutiva não reduz complicações e pode aumentar o risco de problemas pós-operatórios relacionados à depressão subjacente do paciente, de acordo com os pesquisadores”, afirma o cirurgião plástico Guilherme Barreiro.

Antidepressivos aumentam as complicações após a cirurgia plástica?

O uso de antidepressivos tem aumentado nos últimos anos, com um estudo relatando que 1 em cada 10 adultos e adolescentes norte-americanos usam esses medicamentos. As taxas de uso de antidepressivos podem ser ainda maiores entre os pacientes submetidos à cirurgia plástica cosmética ou entre as pacientes com câncer de mama submetidas à reconstrução mamária.

No Brasil, a venda de antidepressivos e estabilizadores de humor cresceu 11,6%,  nos últimos doze meses, em comparação com os doze meses anteriores, de acordo com dados da IMS Health do Brasil, empresa que monitora as vendas de medicamentos no país. 53,3 milhões de caixas desses medicamentos consumidas no Brasil entre setembro de 2014 e outubro de 2015.

Enquanto os cirurgiões plásticos estão alerta para o uso de medicamentos que possam aumentar as complicações cirúrgicas, eles não estão tipicamente preocupados com antidepressivos. Os autores desse estudo realizaram uma revisão profunda dos dados de pesquisa sobre os riscos do tratamento com antidepressivos em cirurgia plástica. Eles analisaram 26 estudos que avaliaram os efeitos dos antidepressivos em vários riscos da cirurgia plástica, incluindo:

  1. Seis estudos avaliaram o impacto de antidepressivos e o risco de sangramento em mais de 34.000 pacientes submetidos à cirurgia de câncer de mama e 2.500 submetidos à cirurgia plástica cosmética. Os resultados são inconsistentes: enquanto alguns estudos encontraram aumento das taxas de sangramento em pacientes que tomam antidepressivos, outros não encontraram tal risco. Assim, enquanto a evidência não descarta um aumento no risco de sangramento, parar de tomar o antidepressivo antes da cirurgia, especialmente o que atuam sobre a serotonina, provoca uma piora dos sintomas de depressão ou leva a uma potencialmente desastrosa “síndrome de descontinuação”. Os autores concluem “portanto, que a interrupção rotineira de antidepressivos antes da cirurgia, na ausência de uma avaliação cuidadosa, deve ser evitada”;
  2. Risco de câncer de mama. Seis estudos, principalmente metanálises, examinaram o risco de câncer de mama entre os pacientes que tomam antidepressivos. Mais uma vez, os resultados foram conflitantes: alguns encontraram um aumento “modesto” de câncer de mama e de ovário entre usuários de antidepressivos, enquanto outros não encontraram nenhuma relação;
  3. Resultados do tratamento do câncer de mama. Seis estudos, incluindo mais de 11.000 pacientes, examinaram se os antidepressivos podem interferir no uso do tamoxifeno, medicamento usado para diminuir o risco de câncer de mama recorrente. A maioria dos estudos não encontrou nenhuma evidência de que esta combinação de drogas aumenta o risco de câncer de mama recorrente. No entanto, houve uma possível interação entre o tamoxifeno e um específico antidepressivo, a paroxetina;
  4. Aumento de mamas. Um estudo com 59 pacientes sugeriu um possível aumento do risco de aumento das mamas e dor entre as mulheres tomando inibidores seletivos da recaptação da serotonina, SSRIs. No entanto, a maioria dos pacientes com aumento de mama também tinha ganho peso, outro efeito colateral conhecido do uso de antidepressivos.

Diversos estudos analisaram várias outras complicações. Um relata um risco aumentado de seromas, após a cirurgia plástica em pacientes que tomam SSRIs. Outro relatou uma possível interação entre SSRIs e o corante azul de metileno, utilizado para o mapeamento linfático em pacientes com câncer de mama.

“Embora reconhecendo as limitações da informação disponível, os autores do atual estudo defendem que sua revisão não encontra nenhuma evidência consistente do aumento de complicações cirúrgicas relacionadas com o uso de antidepressivos. Os riscos da suspensão da terapia prescrita com antidepressivos em pacientes ‘psicologicamente vulneráveis’ superam o aumento das complicações. Os autores defendem que os cirurgiões plásticos devem considerar o impacto dos sintomas depressivos subjacentes em pacientes que tomam estes medicamentos e se a prescrição é crucial”, observa Guilherme Barreiro, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Para a cirurgia decorrer com menos riscos e para que a recuperação seja mais rápida, é importante seguir as indicações do médico em relação à continuidade de determinados tratamentos, já que em alguns casos, é necessário suspender o uso de certos remédios, principalmente os que facilitam o risco de sangramento ou trazem algum tipo de descompensação hormonal, como é o caso do ácido acetilsalicílico, clopidogrel, anticoagulantes, anti-inflamatórios não esteroides ou alguns remédios para diabetes, por exemplo.

Muitos medicamentos também devem ser avaliados caso a caso, como os anticoncepcionais e antidepressivos, que são suspensos em pessoas com maior risco de ter alguma reação. Já outros medicamentos, como os anti-hipertensivos, antibióticos e corticoides de uso crônico, precisam ser mantidos e tomados mesmo no dia da cirurgia, pois a sua interrupção pode provocar picos hipertensivos ou uma descompensação hormonal durante a cirurgia.

Assim, é importante que, antes da cirurgia, seja feita uma lista dos medicamentos que a pessoa está a tomar, para entregar ao médico, devendo-se incluir também os homeopáticos ou outros que não pareçam importantes, para que seja evitado qualquer risco no momento do procedimento cirúrgico.

Além disso, outros cuidados devem ser adotados, como parar de fumar, evitar bebidas alcoólicas e manter uma alimentação equilibrada, principalmente nos dias que antecedem a cirurgia e ao longo do pós operatório. Veja mais detalhes sobre os cuidados que se deve ter antes e depois da cirurgia.

1. Antiagregantes plaquetários

Os medicamentos antiagregantes plaquetários, como o ácido acetilsalicílico, clopidogrel, ticagrelor, cilostazol e a ticlopidina, conhecidos popularmente por medicamentos para "afinar o sangue", não devem ser usados antes da cirurgia, e devem ser suspensos 7 a 10 dias antes, ou conforme indicação do médico. Os antiagregantes plaquetários que têm uma ação reversível, poderão ser suspensos de acordo com a sua meia vida, o que implica suspender o medicamento cerca de 72 horas antes da cirurgia.

2. Anticoagulantes

Pessoas que usam anticoagulante do tipo cumarínico, como Marevan ou Coumadin, só podem passar por uma cirurgia após a sua suspensão, sendo necessário que os níveis de coagulação, avaliados pelo exame INR estejam dentro da normalidade.

Já as pessoas que usam os novos anticoagulantes, como rivaroxabano, apixabano e dabigatrano, podem não precisar suspender a medicação para cirurgias menores, como dermatológicas, dentárias, endoscopias e cirurgia de catarata. Entretanto, se forem cirurgias mais complexas, estes medicamentos podem ser suspensos por um período que pode variar entre 3 a 4 dias, ou entre as últimas 3 a 6 doses, de acordo com o tamanho da cirurgia e as condições de saúde da pessoa.

Após a suspensão dos anticoagulantes, o médico poderá indicar o uso da heparina injetável, para que no período que a pessoa esteja sem a medicação, também não haja o risco aumentado de complicações, como trombose e AVC, por exemplo. Entenda quais são as indicações da heparina e como usar.

3. Anti-inflamatórios não esteroides

Os anti-inflamatórios não esteroides de curta duração, como ibuprofeno ou diclofenaco, podem ser mantidos até 1 dia antes da cirurgia. Já os anti-inflamatórios não esteroides de longa duração, como celecoxib ou naproxeno, devem ser interrompidos 48 a 96 horas antes da intervenção cirúrgica. No caso específico do piroxicam, deve ser suspendido até 10 dias antes da cirurgia.

4. Terapias hormonais

Os anticoncepcionais não precisam ser suspensos antes de cirurgias pequenas e em mulheres que têm baixo risco de ter algum tipo de trombose.

Porém, mulheres com risco aumentado, como as que têm histórico pessoal prévio ou familiar de trombose, ou que vão realizar uma cirurgia de alto risco para tromboembolismo, podem ter que parar o remédio hormonal até 6 semanas antes, devendo, ainda, ser feito um teste de gravidez prévio à cirurgia. É importante que o médico recomende o uso de outro método contraceptivo não hormonal e o remédio hormonal só deve ser retomado 15 dias após a cirurgia.

A terapia de reposição hormonal pode ser mantida no caso de pequenas cirurgias, desde que haja suporte médico adequado. No caso de cirurgias de médio e alto risco, o médico pode recomendar sua suspensão até 4 semanas antes. No caso de estar em tratamento com raloxifeno, há estudos que indicam que pode ser suspenso 7 dias antes da cirurgia e, no caso do tamoxifeno, deve ser consultado o oncologista para avaliar sua manutenção ou suspensão antes da cirurgia.

5. Remédios para diabetes

Os medicamentos orais para diabetes devem ser suspensos no dia da cirurgia e durante o internamento, sendo aconselhado o uso de insulina durante a cirurgia e internamento. No caso da metformina, deve ser interrompida até 48 horas antes da cirurgia, pois pode causar uma complicação grave, chamada acidose láctica, que pode colocar em risco a vida do paciente.

Nos casos em que a pessoa faz uso de insulina, ela deve ser continuada, exceto as insulinas de longa duração, como glargina e NPH, em que o médico poderá reduzir a sua dose para diminuir o risco de hipoglicemia durante a cirurgia.

6. Medicamentos para colesterol

Os medicamentos para colesterol como fibratos, colestiramina e colestipol, devem ser descontinuados 1 dia antes da cirurgia, enquanto estatinas como sinvastatina, pravastatina ou atorvastatina podem ser mantidas durante todo o procedimento e internamento, pois evitam a formação de coágulos e têm mecanismos que também reduzem a inflamação.

7. Remédios para doenças reumatológicas

Os remédios como o alopurinol ou colchicina, indicados para doenças como gota, por exemplo, devem ser suspensos no manhã da cirurgia.

Já no caso da artrite, alguns estudos indicam que a suspensão dos medicamentos deve ser feita por um tempo de 2 meias-vidas do medicamento antes da cirurgia, ou seja, no caso do infliximabe 18 dias, o etanercepte 6-11 dias e o anakinra 12 horas antes, no entanto, a interrupção deve ser sempre avaliada pelo reumatologista e pelo anestesista. No caso do metotrexato, pode ser interrompido até 1 semana antes da cirurgia.

8. Medicamentos de uso psiquiátrico

Os medicamentos de uso psiquiátrico, como os antidepressivos tricíclicos, como a amitriptilina, podem ser mantidos até o dia da cirurgia, embora seja importante avaliar os casos em que se faz uso de altas doses. No caso de inibidores seletivos da recaptação da serotonina, como fluoxetina, sertralina, citalopram e sertralina, devem ser mantidos em todos os momentos.

Os pacientes tratados com lítio podem precisar fazer a suspensão do medicamento nas 24 horas antes da cirurgia, mas em muitos casos, o tratamento é mantido desde que exista supervisão de um médico e que sejam feitos exames de sangue regulares.

9. Diuréticos

Os diuréticos devem ser suspensos sempre que a cirurgia envolver risco ou quando existir previsão de perda de sangue, já que estes medicamentos podem afetar o volume de sangue. É então recomendado evitar o uso de qualquer diurético 1 dia antes da cirurgia, a menos que exista diagnóstico prévio de insuficiência cardíaca.

Além disso, bebidas e suplementos ricos em cafeína, como café, chá verde e chá preto também devem ser evitados na semana anterior à cirurgia.

10. Fitoterápicos

Os fitoterápicos são considerados, pela população em geral, mais seguros em relação aos remédios alopáticos, porém, são medicamentos que também podem causar efeitos colaterais, além de muitos carecerem de comprovação científica, podendo interferir gravemente na cirurgia. Por isso, a regra consiste em suspender o uso de fitoterápico 2 a 3 semanas antes da cirurgia.

Fitoterápicos como o Ginkgo biloba, Ginseng, Arnica, Valeriana, Kava-kava ou erva de São João ou chá de alho, por exemplo, podem causar efeitos colaterais durante a cirurgia, como aumentar o risco de sangramento, conduzir a problemas cardiovasculares ou mesmo aumentar o efeito sedativo dos anestésicos.

É importante que antes de qualquer cirurgia se informe o médico sobre o uso de alguma planta medicinal, remédio caseiro ou medicamento homeopático, pois pode causar interações graves que colocam a vida em risco.

Remédios que podem ser mantidos

Os medicamentos que devem ser mantidos, mesmo no dia da cirurgia e durante o jejum, são:

  • Anti-hipertensivos e antiarrítmicos, amiodarona ou digoxina, por exemplo;
  • Remédios SOS para asma, como salbutamol, por exemplo;
  • Tratamento de doenças da tireoide, com levotiroxina, propiltiouracil ou metimazol, por exemplo;
  • Remédios para gastrite e refluxo, como omeprazol, pantoprazol e domperidona, por exemplo;
  • Tratamento para infecções, com antibióticos, não pode ser interrompido;

É importante que haja uma avaliação pré-operatória feita por um anestesista e, no caso de uma doença específica, pelo médico assistente, como o psiquiatra, cardiologista ou reumatologista, por exemplo, para avaliar o risco-benefício da suspensão do tratamento ou da substituição parcial deste.

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