Como fazer im comparativo sobre um artigo

Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.

Ver mais

Ao longo dos últimos anos avaliei e revisei estudos de análises de mercado e artigos que comparavam e contrastavam dois elementos, dois produtos ou situações. Estudos elaborados no Brasil e no Canadá, entretanto, neste artigo abordo algo que observei, principalmente, nos estudos realizados no Brasil.

Dos trabalhos que venho realizando pude verificar que não é raro ver comparações que fazem sentido, entretanto, falham na forma de expor a comparação e contraste em análise situacional. São diversos estudos que fazem a comparação entre dois produtos, duas situações históricas e assim por diante. Acho, por isso, importante resgatar os papéis "clássicos" de comparação e contraste, onde se pondera A e B igualmente, sendo:

a)      duas coisas semelhantes que têm diferenças cruciais (por exemplo, dois pulverizadores agrícola da mesma categoria, porém, com desempenhos diferentes) ou

b)     duas coisas semelhantes que têm diferenças cruciais, mas ainda assim, as semelhanças surpreendem. Por exemplo, dois sociólogos brasileiros com visões de política partidária diferentes, divergentes, entretanto, expressam perspectivas semelhantes sobre a contribuição das ciências sociais para o conhecimento da Educação no Brasil.

Há uma forma de comparação, a "buraco da fechadura", que é muito interessante, entretanto, seu uso tem sido mais frequente nos institutos de pesquisa porque, a princípio, ela pode ser difícil de se construir. O mercado usa pouco. Nela, é preciso pesar menos o elemento “A” e mais o elemento “B” da comparação. Essa forma, necessariamente, usa “A” como uma lente através da qual o estudo observa e aprende sobre “B”. Ao utilizar essa forma, fica explícito que o estudo usa “A” como uma estrutura para compreender “B” e, com isso, mudar a maneira de se perceber “B”. As comparações na forma buraco da fechadura são úteis para iluminar, criticar ou desafiar a estabilidade de alguma coisa que, antes da análise, parecia totalmente compreendida.

Quando trabalhei com textos ou estudos que apresentavam um grande número de semelhanças e diferenças e, aparentemente, elas não eram facilmente relacionáveis, o conteúdo não me passou confiança. Inevitávelmente, o excesso resulta em um exercício mecânico no qual o estudo primeiro declara todas as características que A e B têm em comum e, em seguida, declara todas as maneiras pelas quais A e B são diferentes. Para mim, um estudo assim é, em geral, fraco. Previsivelmente, a tese desse estudo resulta, geralmente, na afirmação de que A e B são muito semelhantes, embora não tão semelhantes. 

Para escrever uma boa comparação e contraste, é necessário pegar os dados brutos - as semelhanças e diferenças observadas, e torná-las coerentes em um argumento. Para isso, os cinco elementos necessários no estudo são: 

O contexto. Este é o ambiente no qual o estudo coloca as duas coisas que planeja comparar e contrastar; é o guarda-chuva sob o qual os dois elementos estão agrupados. O contexto pode consistir em (a) uma ideia, tema, questão, problema ou teoria; (b) um grupo de coisas semelhantes das quais se extrai duas para analisar; (c) informações biográficas ou históricas. Por exemplo, um artigo comparando como dois sociólogos definem o papel de economia criativa na contribuição do conhecimento mercadológico de determinados grupos econômicos no país. Nessa comparação, acredito que o melhor contexto que um autor pode definir deverá ser um eixo histórico. Um estudo que não apresenta o contexto facassa por não fazer o recorte sobre o qual as duas coisas são analisadas, ficando incapaz de propor um argumento sólido.  

Os motivos para comparação. Em um estudo sobre distribuição global de alimentos, por exemplo, ao optar por comparar a prioridade na distribuição de bananas e arroz é preciso explicitar por que esses alimentos em particular. Por que não morangos e inhames? A justificativa por trás da escolha, o fundamento para comparação, permite saber por que a escolha é deliberada e significativa, e não aleatória. Para todos os efeitos de credibilidade do estudo, é preciso indicar o raciocínio no qual é baseado o motivo para a comparação.

A tese. Como em qualquer estudo ou artigo argumentativo, a tese transmitirá a essência do argumento. Entretanto, em um estudo de comparação e contraste, a tese depende de como as duas coisas comparadas se relacionam. Elas conflitam? Complementa algo? Se estendem? Debatem entre si? Em comparação e contraste mais comum - o que enfoca as diferenças – é melhor indicar o momento que o estudo fala sobre a relação entre A e B. Usando o exemplo do estudo sobre distribuição global de alimentos, é possível dizer: enquanto o custo do cultivo e exportação de bananas e arroz é economicamente viável  para 75%  dos países que consomem estes alimentos, o custo do cultivo e exportação de morangos e inhames é viável  para somente 25% dos países que consomem estes alimentos. A relação entre A e B está no cerne de qualquer bom artigo ou estudo de comparação e contraste.

O esquema. A introdução do estudo tem que mencionar o contexto, os fundamentos para comparação e a tese. Existem duas maneiras de organizar o estudo:

• Texto a texto: onde se discute tudo do elemento A, depois tudo do elemento B.

• Ponto a ponto: onde se alterna pontos (as características avaliadas)  sobre A com os pontos comparáveis sobre B. 

Se o estudo indica que B complementa A, provavelmente, o melhor é usar um esquema de texto a texto. Se A e B concorrem, por exemplo, dois produtos de consumo em uma mesma categoria,  um esquema ponto a ponto chamará mais atenção para as diferenças. É por isso que as publicações que fazem análise comparativa de automóveis lançam mão do esquema de comparação ponto a ponto.

Independentemente do esquema, o bom estudo sabe pesar a importância das semelhanças assim como as diferenças. Os estudos mais interessantes que já trabalhei são sucintos, o autor soube pesar o quanto ele investe no argumento para chegar ao cerne da tese.

A propósito, antes de finalizar, quando um estudo opta por fazer a comparação utilizando buraco da fechadura, ele deve gastar menos tempo em A (a lente) e focar em B (objeto maior da análise) e utilizar o esquema texto a texto. Isso porque A e B podem não ser estritamente comparáveis, ou seja, A é apenas uma ferramenta para ajudar a estudar, descobrir e compreender se B é ou não o que as expectativas ou crenças atuais levam a acreditar que seja. 

Por fim,  nos artigos e estudos argumentativos é preciso vincular cada ponto do argumento à tese. Sem esses links, o estudo não é claro ao mostrar como cada ponto contribui no argumento, o que é fundamental para coerência.

Como fazer im comparativo sobre um artigo

Por exemplo: "Escolha uma ideia ou tema em particular, como o amor, a beleza, a morte ou o tempo e considere como dois poetas diferentes da Renascença abordaram essa ideia". Este enunciado pede que você compare dois poetas, mas também questiona como esses poetas abordaram o ponto de comparação.

Como se faz um estudo comparativo?

Segundo FACHIN (2001) o método comparativo se consiste em investigar coisas ou fatos e explicá-los segundo suas semelhanças e suas diferenças. Permite a análise de dados concretos e a dedução de semelhanças e divergências de elementos constantes, abstratos e gerais, propiciando investigações de caráter indireto.

Como fazer um texto dissertativo comparativo?

Para escrever uma dissertação comparativa de qualidade, você precisa começar escolhendo dois tópicos que tenham semelhanças e diferenças suficientes para poderem ser comparados de forma significativa, como dois times de futebol ou dois sistemas de governo.

O que é um estudo comparativo?

Os estudos comparativos caracterizam-se pela presença de dois ou mais grupos de comparação. Podem ser do tipo: Observacionais: quando o pesquisador não interfere na formação dos grupos de comparação, apenas observando as características dos indivíduos para verificar a qual grupo eles pertencem.

O que é um estudo de caso comparativo?

O estudo comparativo e o estudo de caso são metodologias que facilitam a compreensão sobre as organizações através da investigação empírica. ... O propósito é descrever os fundamentos e parâmetros de ambas metodologias; e permitir, aos iniciantes da área, reflexão sobre o que esperar de suas aplicações.

Como elaborar um artigo comparativo?

  • 1 Leia alguns artigos de análise comparativa antes de elaborar um, assim você vai entender o estilo. 2 Converse com seu professor e/ou instrutor assim que começar a pensar em ideias para o seu artigo. O melhor momento para... More ...

Quais são os exemplos de comparação?

  • Veja um exemplo de comparação na música “Como nossos pais”, gravada por Elis Regina e escrita por Belchior. Perceba a força expressiva do eu lírico ao utilizar a partícula como para colocar-se em um nível de encantamento semelhante às sensações que uma nova invenção pode provocar.

Quais são os temas de comparação?

  • Pesquise seus temas de comparação. Embora você deva ter um conhecimento profundo de ambos os itens que estiverem sendo comparados, é importante não fornecer mais detalhes do que o ensaio consiga sustentar. Compare alguns aspectos de cada tema em vez de tentar cobrir ambos os assuntos de forma muito abrangente.

Como fazer um bom texto?

  • Como fazer um bom texto – Passo a passo, como começar, dicas ... A estrutura padrão da maioria dos textos descritivos é: apresentação do objeto a ser descrito e depois detalhamento utilizando figuras semânticas como a metáfora e comparação, verbos de ligação e adjetivos.