Por que os catolicos acreditam em santos

Por que os catolicos acreditam em santos

Essa é uma questão que precisa ser analisa por partes. Por que os católicos adoram imagens? Adorar imagens é permitido? Na verdade, nessas perguntas temos dois questionamentos: a liceidade de confeccionar imagens e a relação de adoração com relação a elas.

Por que os catolicos acreditam em santos

Quanto à liceidade, de fato em Dt 4, 23.25; 5, 8 Deus proíbe que o povo de Deus confeccione imagens. E por quê? Porque Israel, especialmente à época dessa ordem, era um povo em formação, pequeno e culturalmente inferior aos povos ao seu redor (Egito, Babilônia, Assíria, e outros menores como os Filisteus, Amalecitas etc) que, em sua religiosidade, confeccionavam imagens “divinas” e as adoravam. Adorar imagens: essa era uma prática comum na religiosidade daquele tempo. Então, para o povo de Israel, especialmente nos inícios de sua organização e formação religiosa, o perigo de confundir, admirar e copiar essa prática era muito grande. Por isso Deus, em Seu zelo, faz essa proibição.

Entretanto, é preciso entender que a religiosidade de Israel e a Revelação Divina não são algo estático. Ao contrário, Deus usa de uma pedagogia por meio da qual aos poucos vai amadurecendo o seu povo no conhecimento de Seus mistérios e na relação com eles. O Catecismo da Igreja Católica explica isso em seu parágrafo 53. O povo de Deus é como uma criança que vai crescendo no conhecimento das coisas. Uma criança não aprende os conhecimentos matemáticos de uma vez. Primeiro, aprende a noção dos numerais, depois as equações básicas como que 1+1 é igual a 2; e assim por diante. Mostra clara disso é o desenvolvimento da noção da retribuição póstuma dos justos. Essa concepção vai amadurecer ao longo dos livros do Antigo Testamento, até que o livro da Sabedoria, escrito no séc. I a. C., vai falar claramente no capítulo 5, versículo 15 seguintes. A concepção da Trindade talvez seja o maior exemplo. Para Israel, Deus é somente Uno, um só Deus, embora textos do Antigo Testamento veladamente já mostram a presença da Trindade (como Gn 18, 1-15). Mas o entendimento do Deus Uno e Trino, a Trindade, só veio com Cristo, que é a plenitude da Revelação. Aliás, mesmo depois de Cristo, embora toda a Verdade já esteja revelada, a Igreja progride no conhecimento dessa Verdade, conforme Jesus mesmo diz em Jo 16, 12: “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade”.

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Por que os catolicos acreditam em santos

Por que os católicos adoram imagens?

Os católicos adoram imagens? Só compreendendo essa pedagogia Divina é que se pode compreender a aparente contradição, na qual, em Nm 21,9 (serpente de Bronze); IRs 6, 23 (Querubins no Templo); Ex 25-18 (Querubins na Arca) Deus, ao contrário do que vemos em Deuteronômio, manda o povo confeccionar imagens. Especialmente no caso da serpente de bronze, porque ela porta certo poder divino. Deus então foi contraditório? A Bíblia se contradiz? Não! É como uma mãe que manda sua filha de 2 anos se afastar do fogão porque ele é um perigo para ela. Mas depois, a menina com 15 anos, ao contrário, a mãe manda que ela vá ao fogão esquentar um leite. A mãe se contradisse? Não! Na pedagogia da mãe, aos 15 anos é hora da menina, que já sabe lidar com os perigos do fogão, aprender a esquentar o leite. É isso que Deus fez com seu povo. Será que a pergunta “por que os católicos adoram imagens?” ainda é polêmica?

Creio que, entendendo essa questão, a outra fica mais simples.

Os católicos NÃO adoram imagens!

A Igreja não ensina seus fiéis a adorar imagens, nem adorar seus santos. É verdade que o povo, em sua simplicidade, acaba confundindo as coisas (o que, na verdade, acontece também com outros temas). A Igreja ensina o que se chama Culto de Dulia aos santos e suas imagens, ou seja, trata-se de uma veneração. O Culto de Latria, a adoração, só pode ser prestado a Deus. As imagens dos santos são para os católicos, algo próximo do que é uma foto da pessoa querida e admirada por alguém. As fotos surgiram recentemente, mas antigamente, se alguém quisesse se lembrar de alguém que estivesse distante, fazia pinturas; e, especialmente se fosse alguém importante, uma escultura. Os santos são pessoas muito importantes, porque foram pessoas que passaram por essa vida e conseguiram viver a fé de forma admirável. Os santos são exemplos a serem imitados. Por isso os veneramos e, com eles, a suas imagens.  Na verdade, eles nos ensinam os caminhos da santidade nesse mundo, e suas vidas nos apontam exclusivamente para Aquele que é o único que merece nossa adoração: Nosso Senhor Jesus Cristo.

André Luis Botelho Andrade
Fundador e Moderador Geral da Comunidade Pantokrator

Por que os catolicos acreditam em santos
Em primeiro lugar é preciso entender que Deus não proíbe fazer imagens, mas sim de fazer imagens “de ídolos”; isto é, de deuses falsos; mas isso a Igreja Católica nunca fez e nem autorizou fazer. Já no Antigo Testamento o próprio Deus prescreveu a confecção de imagens como querubins, serpente de bronze, leões do palácio de Salomão, etc. A Bíblia defende o uso de imagens como você pode verificar em muitas passagens: Ex 25,17-22; 37,7-9; 41,18; Nm 21,8-9; 1Rs 6,23-29.32; 7,26-29.36; 8,7; 1Cr 28,18-19; 2Cr 3,7.10-14; 5,8; 1Sm 4,4; 2Sm 6,2; Sb 16,5-8; Ez 41,17-21; Hb 9,5… e mais.

Os Profetas condenavam a confecção de imagens “de ídolos”: “Os que modelam ídolos nada são, as suas obras preciosas não lhes trazem nenhum proveito… Quem fabrica um deus e funde um ídolo que de nada lhe pode valer?…” (Isaias 44,9-17).

O que é um ídolo? É aquilo que: 1 – substitui o único e verdadeiro Deus; 2 – são-lhe atribuídos poderes exclusivamente divinos; e, 3 – são-lhe oferecidos sacrifícios devidos ao verdadeiro Deus. É o que os judeus antigos no deserto fizeram com o bezerro de ouro (cf. Ex 32). Não é o que os católicos fazem. A Igreja Católica nunca afirmou que devemos “adorar” as imagens dos santos; mas, venerá-las, o que é muito diferente.

Por que os catolicos acreditam em santos
A imagem é um objeto que apenas lembra a pessoa ali representada; o ídolo, por outro lado, “é o ser em si mesmo”. A quebra de uma imagem não destrói o ser que representa; já a destruição de um ídolo implica da destruição da falsa divindade. Para Deus, e somente Deus, a Igreja presta um culto de adoração (“latria”); nele reconhecemos Deus como Todo-Poderoso e Senhor do universo. Aos santos e anjos, a Igreja presta um culto de veneração (“dulia”); homenagem. A Nossa Senhora, por ser a Mãe de Deus, a Igreja presta um culto de “hiper-dulia”, que não é adoração, mas hiper-veneração. A São José “proto-dulia”, primeira veneração.

A palavra “dulia” vem do grego “doulos” que significa “servidor”. Dulia em português quer dizer reverência, veneração. Latria é adoração; vem do grego “latreia” que significa serviço ou culto prestado a um soberano senhor. Em outras palavras, significa adoração. Veja, então não há como confundir o culto prestado a Deus com o culto prestado aos Santos.

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Por que é proibido “adorar” imagem?

Rogando aos Santos não os olhamos nem consideramos senão como nossos intercessores para com Jesus Cristo, que é o único Medianeiro (cf. 1Tm 2,4) que nos remiu com seu sangue, e por quem podemos alcançar a salvação. A mediação e intercessão dos santos não substituem a única e essencial mediação de Cristo, o único Sacerdote, mas, é uma mediação “através” de Cristo, e não paralela e nem substitutiva. Sem a mediação única de Cristo nenhuma outra tem poder.

A imagem de um santo tem um significado profundo. Quando se olha para uma imagem ela nos lembra de que a pessoa ali representada é santa, viveu conforme a vontade de Deus, então, é um “modelo de vida” para todos. A imagem lembra também que aquela pessoa ali representada está no céu; isto é, na comunhão plena com Deus,
goza da chamada “visão beatífica de Deus”; e intercede por nós sem cessar, como reza uma das orações eucarísticas da Missa. São Jerônimo dizia: se aqui na terra os santos em vida rezavam e trabalhavam tanto por nós, quanto mais não o farão no céu, diante de Deus. Santa Teresinha do Menino Jesus dizia que “ia passar o céu na terra”, isto é, intercedendo pelas pessoas.

O Catecismo da Igreja nos ensina o seguinte no §956: “Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por seguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio” (LG 49).

A imagem de um santo nos lembra ainda que ele é santo pelo poder e graça de Deus; então, a veneração da imagem dá glória a Deus, mais que ao santo. São Bernardo, doutor da Igreja, sempre que passava por uma imagem de Nossa Senhora dizia: “salve Maria!”. Um dia, depois de dizer essas palavras, Nossa Senhora lhe disse: “Salve Bernardo!”

Podemos tocar e beijar as imagens como um gesto de amor, reverência e veneração, não de adoração. Não fazemos isso com a imagem de um ente querido falecido? Podemos admirar as imagens – por isso elas devem ser bem feitas, em clima de oração – e rezar diante delas, pedindo ao santo ali representado que interceda diante de Deus. É Deus quem faz o milagre, mas o pedido vem dos santos, como nas Bodas de Caná, onde Jesus fez a transformação de 600 litros de água em vinho “porque sua Mãe intercedeu”. Ainda não era a hora dos seus milagres!

A intercessão dos santos é algo maravilhoso. Quando nós precisamos de um favor de uma pessoa importante, mas não conseguimos chegar até ela, então, procuramos um mediador, um intercessor, que seja amigo dessa pessoa, para fazer a ela o nosso pedido. E a pessoa importante a atende por ter intimidade com nosso intercessor. Ora, fazemos o mesmo com Deus. Não temos intimidade com Deus como os santos que já estão na sua glória; nossos pecados limitam nossa intimidade com Deus; então, os santos nos ajudam.

Mas, como os santos podem ouvir todos os pedidos ao mesmo tempo sem que eles tenham a onisciência e a onipresença de Deus? É simples; na vida eterna já não existem mais as realidades terrenas do tempo e espaço; a comunhão perfeita com Deus dá aos santos o conhecimento de nossas orações e pedidos e, na plenitude de Deus, e através Dele, não há a dificuldade de atender a todos ao mesmo tempo, pois já não existe mais esse fator limitador.

No céu a realidade é outra.

Alguns perguntam: mas os mortos não estão todos dormindo, aguardando a ressurreição dos mortos? Não. Jesus contou o caso do pobre Lázaro que já estava no seio de Abraão, vivo e salvo, e o rico que sofria as penas eternas. A alma não dorme. No livro de Macabeus (2Mac 15, 11-15) temos a narrativa de Judas Macabeus que teve a visão do sacerdote Onias, já falecido, orando pelo povo judeu.

Por tudo isso, as imagens precisam ser bem feitas, o mais parecidas possível com o santo. Não devemos fazer imagens mal feitas e mal pintadas. Quando não há uma foto ou uma pintura de santos antigos, então é licito que artistas sugiram uma imagem que a Igreja abençoa. Quando uma imagem que foi benzida se quebra, e não é possível restaurá-la, então, deve ser enterrada, ou destruída, ou colocada em um lugar onde não haja profanação dela. Se for de material combustível pode ser queimada.

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Por que os catolicos acreditam em santos
O Concílio Ecumênico de Nicéia, no ano 789, aprovou o uso de imagens, disse:

“Na trilha da doutrina divinamente inspirada de nossos santos Padres e da tradição da Igreja católica, que sabemos ser a tradição do Espírito Santo que habita nela, definimos com toda certeza e acerto que as veneráveis e santas imagens, bem como as representações da cruz preciosa e vivificante, sejam elas pintadas, de mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre os utensílios e as vestes sacras, sobre paredes e em quadros, nas casas e nos caminhos, tanto a imagem de Nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, como a de Nossa Senhora, a puríssima e santíssima mãe de Deus, dos santos anjos, de todos os santos e dos justos”.

São João Damasceno, doutor da Igreja, dizia: “A beleza e a cor das imagens estimulam minha oração. É uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo do campo estimula meu coração a dar glória a Deus”.

Prof. Felipe Aquino